“Jurassic World: Recomeço” (Jurassic World: Rebirth, 2025) de Gareth Edwards
O diretor Gareth Edwards veio do mundo dos efeitos especiais, e como profissional do meio já foi artista visual e digital, desenhista de efeitos digitais e coordenador de produção. Estreou como diretor com o pequeno Monstros (2010), muito bem recebido, investindo numa estética de fim de mundo acinzentado. Avançou muitas casas no cenário hollywoodiano com a superprodução Godzilla (2014), mais um reboot que foi abraçado pelo público. Com o sucesso de bilheteria, e alcançou o Olimpo da Indústria e ainda acertou em cheio com o produto Rogue One: Uma História Star Wars (2016). E por fim, mostrou maturidade em apresentar uma aventura de ficção-científica carregada de emoção e reflexão, com Resistência (2023).
O que nos traz ao novo filme da franquia Jurassic Park – rebatizada de Jurassic World, uma recomeço para uma saga multimilionária, querida pelo público, e que gravou momentos inesquecíveis na história do Cinema, em 1993, pelas mãos de Steven Spielberg.
Seguindo uma estrutura bem definida, “Jurassic World: Recomeço” (Jurassic World: Rebirth, 2025) de Gareth Edwards tem uma narrativa apoiada na ação, e desmembrada em três atos bem definidos, tudo com o objetivo de simplificar a aventura em um claro aceno à uma nova história. No entanto, “o que vem muito fácil, também vai muito fácil”, e o resultado é que essa abordagem também se mostra uma fórmula previsível, com um filme que se resume basicamente a uma missão a ser concluída.
A inclusão de um núcleo familiar no filme parece ser uma tentativa de aumentar o teor dramático e até cômico da história. Isso pode ser uma estratégia eficaz para criar uma conexão emocional com o público e adicionar profundidade à trama. No entanto, também é possível que essa abordagem possa ser vista como um clichê, especialmente se o núcleo familiar for usado apenas como um dispositivo para criar tensão e drama.
Com mais um diretor diferente na franquia, o quinto em sete filmes, e uma história que se assume como reboot, ou um reinício da franquia, desde o título, Gareth Edwards fica livre para exercitar seu olhar “montanha-russa” . E em meio à trama de missão e sobrevivência, Scarlett Johansson e Mahershala Ali testam o limite do próprio carisma segurando a maior parte da aventura com um forte presença na tela. Adicione à estrutura um núcleo familiar resgatado no primeiro ato, para adicionar drama e comédia, sem nunca agir de forma sanguinolenta, o que, particularmente me causou uma pequena frustração.
Mas voltando à mística da franquia, Jurassic Park/World sempre foi reconhecida por sua capacidade de criar distintas experiências cinematográficas – nem sempre se traduzindo em qualidade. Mas com o auxílio de impressionantes efeitos especiais, normalmente as aventuras se sustentam, exceto pelo mal desenvolvido, até então último capítulo da franquia, Domínio (2022).
Voltando, ao novo filme, a produção tem o retorno do roteirista do filme original, o já calibrado David Koepp, que por sinal, comete algumas auto referências (ou seriam homenagens?) no desenvolvimento da aventura. É como se os criadores do filme estivessem tentando reviver os momentos mais emblemáticos da franquia, em vez de criar algo novo e original, acompanhe.
A cena do Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey, de Wicked, 2024) emocionado ao entrar em contato com o dinossauro remete ao mesmo fato vivido pelo paleontólogo Dr. Alan Grant (Sam Neill), em Jurassic Park (1993). A criança presa embaixo do barco inflável, com o dinossauro tentando alcançá-la com suas garras, é uma repetição da cena do carro com as crianças presas dentro do Jeep no primeiro filme.
E, claro, a cena do sinalizador sendo usado por Mahershala Ali para distrair o dinossauro é uma cópia direta da cena de Jeff Goldblum, também no primeiro filme. Para completar a lista de referências/homenagens, a sequência envolvendo uma família procurando abrigo em uma loja de conveniência/mercadinho, é uma reminiscência clara da cena icônica na cozinha, com as crianças fugindo do Velociraptor.
Essa abordagem pode ser vista como uma tentativa de agradar ao público nostálgico, mas também pode ser interpretada como uma falta de criatividade e originalidade. Em vez de inovar e surpreender, o filme parece estar se apoiando em referências e clichês para criar uma experiência familiar mais confortável ao espectador.
Divido em três atos distintos, mas com foco em uma expedição que desbrava regiões equatoriais isoladas para extrair DNA de três enormes criaturas pré-históricas para um avanço médico inovador. E assim, o filme apresenta diálogos expositivos e não esconde que quer divertir da forma mais simples possível, numa clara tentativa de minimizar os erros. Para alguns pode ser o suficiente, e eu aposto que, inclusive, seja um sucesso de bilheteria, contudo, sem nunca brilhar o suficiente, nem emocionar o bastante com sua previsibilidade.
David Koepp
Os melhores roteiros (ou adaptações): O Pagamento Final (1993); Missão: Impossível (1996); O Quarto do Pânico(2002); Homem-Aranha (2002).
Os piores roteiros (ou adaptações): A Múmia (2017); Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008); Anjos e Demônios (2009).
Os filmes que dirigiu (e também escreveu/adaptou): Efeito Dominó (1996); Ecos do Além (1999); A Janela Secreta (2004).