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Beach Rats (EUA, 2017) de Eliza Hittman
“Eu ainda não sei do que gosto”, diz Frankie (Harris Dickinson) a um internauta num site de relacionamentos para homens. Assim começa Beach Rats (EUA, 2017) de Eliza Hittman, que conta a história de um adolescente tentando descobrir a própria sexualidade ao mesmo tempo em que procura não ser rejeitado pelos que o cercam. Como num laboratório, ele vai testando cada limite do comportamento, o que pode fazer sem ser condenado, descobrindo o mundo e formando a própria identidade.
O desafio para o protagonista é ainda maior uma vez que ele não tem um referencial masculino em casa. O filme já começa com o pai dele em coma devido um câncer terminal justamente quanto ele está na idade de descoberta. Então, o referencial, pelo menos de aceitação, passa a ser um grupo de três amigos da vizinhança. Contudo, estes são bem mais imaturos que o próprio Frankie, que sequer sabe lidar com a irmã mais nova, esta na fase inicial da puberdade e no primeiro relacionamento.
A história se passa num momento de férias de verão no Brooklyn, região de Long Island. Por isso, a praia é um cenário recorrente, na qual a diretora aproveita para exibir corpos de adolescentes sarados. Mesmo quando não estão na praia, o físico é exaltado, pois os atores constantemente usam uma regata branca. Forçosamente, todos tem a mesma camisa. O clima quente não fica só nisso, cenas quase explicitas de nudez ou sexo, hétero e homoafetivo, procuram estimular o espectador do filme.
Sempre que Frankie está fazendo algo “condenável”, a fotografia do filme fica escura, passando a sensação de clandestinidade, não só quando está conhecendo outros homens na internet (com a luz do quarto desligada), mas também quando está usando drogas ou em encontros escondidos. Com medo de ser rejeitado pelos amigos e familiares, ele se reprime pelo próprio comportamento e procura manter um namoro com Simone (Madeline Weinstein) para se sentir mais seguro de quem ele, de fato, não é.
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Mesmo assim, continua testando até onde pode expor os próprios desejos, como quando pergunta à namorada se ela já ficou com outra garota. Apesar da resposta positiva, se frustra quando ela diz que do contrário, ou seja, dois caras ficando, é apenas gay. “Duas garotas podem ficar e é sexy, dois caras é gay”. Outro exemplo é quando diz aos amigos que marca encontros com outros homens somente com o intuito de pegar a “erva” deles. Mas, dessa vez, o resultado da experiência pode sair do controle.
O elenco principal é formado basicamente por estreantes no cinema, porém com atuações brilhantes dos jovens atores. Destaque para o ator principal que, com apenas 21 anos de idade e participando do primeiro longa da carreira, conseguiu passar para o expectador toda a insegurança, ansiedade e preocupação do personagem, sem mencionar o quão delicado deve ser atuar em cenas que envolvem sexo ou nudez. E nessa obra, Harris Dickinson revelou competência de um veterano.
Quando a história começa a ficar mais tensa, a câmera passa a tremer bastante. Excessos à parte, Eliza Hittman, que também assina o roteiro, apresenta, neste que é o segundo filme da carreira dela, uma bela direção, com linguagem objetiva para abordar questões complexas. Romances adolescentes no Brooklyn estão se tornando marca da cineasta, afinal o tema também está presente no primeiro longa dela, Parece Amor (2013). Quanto a Beach Rats, certamente é um filme que gera reflexão.
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